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8.12.06

Ausente o encanto antes cultivado... este é o livro de nossos dias

(The lovers - René Magritte)


O que faz duas almas se perderem uma da outra? Onde vai parar o encanto de antes? Por que elas se olham e não se vêem mais? Quem cegou quem? Ou quem não viu direito quem? É como se, depois de tudo, os dois amantes se encontrassem um de frente para o outro, olho no olho, mas em suas retinas um não espelhassem a cor do outro. Ou como se uma venda lhes cobrisse os olhos, ou um pano roto e sujo como num quadro de Magritte... Amor demais ofusca a vista? O amor cega ou o "amor é cego"? Um sentimento que vem e que deveria ser cultivado pelo comprometimento e conhecimento do outro, por vezes nos oculta faces mascaradas pelo romantismo e a pessoa amada pode tornar-se um ser ideológico e não aquela que realmente considerávamos ver... Viu-se muito, viu-se tudo, absolutamente tudo um do outro, cada centímetro da pele, cada ângulo de cada parte do corpo, frente e verso, cada recôndito da alma... mas não terá sido uma imagem distorcida?


O LIVRO DOS DIAS

Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje estão aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores

(Renato Russo)



Percebo teu mecanismo indiferente, mas teu desejo inverso é velho amigo, já que o tive sempre ao meu lado...
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