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26.11.07

O dia em que Deus surtou, desceu à terra, rodou a baiana e me mandou à merda...





Ed
fala para Todos: Pareço viver como quem caminha sobre um pântano, tudo se move à medida que arrisco um passo. Nada é verdadeiro, tudo é irreal. A realidade é inacessível e vivo num mundo de máscaras. Tudo falso. Talvez o mar, a montanha, as pedras, o sol e a lua, talvez isso tudo seja verdadeiro. Mas o homem não, o homem é falso. Sempre mascarado, mesmo sem querer, mesmo sem saber. Talvez chegará à velhice delirando de febre sem se dar conta. E a mim, grande otário que sou, a descoberta não me consola. Sou como Prometeu que descobre que o Deus que me pune e me atormenta é somente a projeção ampliada da sombra do meu próprio corpo. Será que a punição cessaria se eu apagasse esse fogo da tocha em minha mão?... ou, pelo menos, o meu fogo no rabo?

Chaplin fala para Ed: O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.

Ed fala para Chaplin: Porra, meu camarada, não mete essa! Pirandello já disse que a forma é uma morte.

Nietzsche entra na sala...

O Príncipe de Verona fala para Todos: Melancólica paz nos traz esta manhã. O sol, de luto, não se mostrará. Embora daqui vão, e conversem mais sobre esses tristes fatos.

Ed fala para O Príncipe de Verona: Mais, porra??!!!!

Chaplin sai da sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Alguém afim de tc?

Ed fala para Nietzsche: Fala aí, cara! Blz?

O Príncipe de Verona sai da sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Falar muito sobre si mesmo pode também ser um meio de esconder-se.

Ed fala para Nietzsche: Tá bom, então sobre o quê vamos falar, hein?

Menina Quebequense entra na sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: É difícil o suficiente lembrar minhas opiniões, sem também lembrar minhas razões para tê-las!

Ed fala para Nietzsche: Isso é porque vc tá mortinho da silva, cara! Aliás, como tudo nessa vida. O homem tá morto, Deus tá morto. Vivemos na Matrix, nada é verdadeiro.

Menina Quebequense fala para Ed: Como assim Deus tá morto? Onde? Como? Qdo foi? Por que ninguém me avisou? Isso é uma grande discriminação.

Ed fala para Menina Quebequense: Hã? Vc tá falando sério, minha pequena??!!!

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmos somos desconhecidos.

Fausto Silva entra na sala...

Menina Quebequense fala para Ed: Não gosto que me chamem de “minha pequena”! Isso é discriminação!

Ed fala para Nietzsche: Pô, cara! papinho mais tatibitati!!! Fala algo que eu já não saiba!

Ed fala para Menina Quebequense: Putz, guria! Vc comeu merda quando criança, foi? Muda o disco, vai!

Tati Quebra-Barraco entra na sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar.

Ed fala para Nietzsche: Cara, vc se acha, não? Já percebeu como as pessoas citam vc como se vc fosse a fonte suprema da verdade?

Menina Quebequense fala para Ed: Estou me sentindo censurada. Você é um grosso.

Ed fala para Menina Quebequense: Ah, minha filha, grosso é o meu cacete!

Tati Quebra-Barraco fala para Ed: Obaaaa!! Entaum meti, meti, meti ateh gozá, qui eu tow pegandu fogo, quero ver tu apagá... Tah ligado neh?

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Faltam ao céu todas as pessoas interessantes.

Ed fala para Tati Quebra-Barraco: Sai pra lá, ô baranga!

Menina Quebequense sai da sala...

Ed fala para Nietzsche: Pois é, cara, mas vc continua aí queimando no fogo do inferno...

De Tarso entra na sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Às vezes se permanece fiel a uma causa apenas porque seus oponentes não cessam de ser insípidos.

De Tarso fala para Todos: Boa noite a todos! Estou acordado e todos dormem.

Ed fala para Nietzsche: Poxa, cara! Por falar em insípido, isso me lembrou algo que li de um professor de química não sei onde. Ele dizia que Deus é incolor, inodoro e insípido. Será que isso faz da água uma substância onisciente também?!

De Tarso fala para Ed: Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

Ed fala para De Tarso: Ah, meu camarada, sem essa, vai! Vc foi um dos grandes culpados de toda essa merda. Vc foi o grande vira-casaca da história, na boa!

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: A insanidade em indivíduos é algo raro, mas em grupos, partidos, nações e épocas, é a regra.

Ed fala para Nietzsche: Regra é o mesmo que norma, cara. E norma é o mesmo que forma, só muda a primeira letra. Aliás, vc já notou como as pessoas dão uma puta importância às primeiras letras? Na verdade, elas nem são tão importantes assim. São apenas o hall de entrada de uma palavra, a recepção. A primeira letra diz o quando eu nasci, por exemplo: “a letra A tem meu nome”. Mas é o resto da palavra que vai afirmar que, afinal, seria uma rima, não uma solução. Mundo mundo, vasto mundo, mais vasto é o meu coração.

De Tarso fala para Ed: Quando eu era menino, pensava como menino; mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Ed fala para De Tarso: Aí, cara, quando vc era um menininho judeu vc acreditava em Papai Noel?

De Tarso fala para Ed: Tudo é permitido, mas nem tudo é oportuno. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica...

Ed fala para De Tarso: Sei qual é, mas pensa bem: Papai Noel é tão falso quanto o seu Deus. E é um grande filho da puta ainda por cima, muito embora o seu povo (pois é, era o "seu povo" antes da virada de casaca) e os americanos digam que são os outros. Barbudo, cabeludo e roupa toda vermelha:comunista!(é a cara do Karl Marx). Gordo, barrigudo, bota preta tipo militar: nazista! Adora agarrar criancinhas e colocar no colo: pedófilo! (antigamente os capitalistas diziam que os comunistas comiam criancinhas). Gorro e roupão de lã de manga comprida num clima tropical: só pode estar doente! E aquela risada resultante de algum distúrbio mental: talvez esclerose! Será que tem alguma bomba naquele saco? Terrorista! Aquele cinto tão largo deve ser para segurar alguma hérnia pelo esforço de carregar aquele sacão. O Papai Noel não passa de um dos maiores símbolos da exploração selvagem dos países ricos sobre o resto do Mundo. Quem deu presentes a uma criança pobre nascida em Belém, chamada Jesus, foi um grupo de astrônomos, astrólogos, bruxos, alquimistas, feiticeiros, curandeiros, estudiosos ou sábios. Hoje seriam chamados cientistas. De qualquer maneira, eram fortes, saudáveis (para viajar de camelo, longas distâncias, através de regiões inóspitas, tinham que ser) e se vestiam de forma adequada à região em que viviam. E eram árabes, pele morena, bem diferente da configuração atual do presenteador vermelho.

Tati Quebra-Barraco fala para Todos: algum tigrão afim de tc? vow fazê vc dançá, vem zuá na minha teta pra gente podê quebrá... Só nas tchutchucas!!!!!!

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Perguntemo-nos quem é propriamente "mau", no sentido da moral do ressentimento. A resposta, com todo o rigor: precisamente o “bom” da outra moral.

Ed fala para Nietzsche: Papinho pra boi dormir, cara! Tô falando de um outro lance, saca? De um tempo em que árabes e judeus viviam em paz, 3 reis árabes comparecem ao baby shower do nascimento de Jesus, filho de José e Maria. E isso foi um puta evento social: além Belquior, Baltazar, e Gaspar, compareceram Buda, Iemanjá, Tloque Nahuaque, Astarté, Ogum, Zeus, Tupã e Afrodite (afinal não é em todo século que nasce um deus e, no nascimento de mais um, não poderiam faltar outros deuses para prestigiar a efeméride), e também duas vacas, dois burros, dois bodes, dois carneiros, dois porcos, um lhama e quatro galinhas. O feliz natal foi destaque em todas as colunas sociais daqui e do além. Os jornais “A Palavra Celestial”, “O Onipresente” e “Paradise News” circularam até com caderno especial. Por outro lado, nos jornais “Atualidades Infernais” e “Inferno Hoje” registraram-se apenas notas depreciativas em canto de página. Que babaquice esse negócio de Natal com neve e pinheiro, né não? Aí, na boa, a última vez que nevou no Oriente Médio foi durante a última Era Glacial e a última folhagem que se viu naquele deserto foi a tal da sarsa ardente, um arbusto pegando fogo que falou com o Moisés... e o pior é que ele respondeu. Na boa, se o JC tentasse entrar nos EUA hoje, cabeludo, barbudo, pardo, com aquele narigão adunco, de roupão e vindo da Palestina, iria parar nos calabouços do FBI. Tava fudido!

Tony entra na sala...

Fausto Silva grita para Todos: Ô LOUCO, MEU!

Coro fala para Todos: Oh, nobre Édipo! Perdido na escuridão de sua cegueira!

Fausto Silva sai da sala...

Ed grita para Coro: VAI TOMAR NO CU, PORRA!

Tony canta para Todos: Tonight! Tonight! It all began tonight, I saw you and the world went away...

Comandante do Zepelim Gigante entra na sala...

Nietzsche (reservadamente) fala para Todos: Não se podem inverter todos os valores? E o bem é talvez o mal? E Deus nada mais é que uma invenção e uma astúcia do diabo? Talvez em última análise, tudo esteja errado? E se nós nos enganamos, não somos por isso mesmo também enganadores? Não temos de ser igualmente enganadores? Esses pensamentos que o guiam e que o extraviam, sempre mais avante, sempre mais longe. A solidão o cerca e o envolve, sempre mais ameaçadora, mais estranguladora, mais pungente. Essa temível deusa é “mater saeva cupidinum” (mãe cruel das paixões) – mas quem sabe hoje o que é a solidão?…

Tony canta para Todos: Today, all day I had the feeling a miracle would happen. I know now I was right. For here you are, and what was just a world is a star...Tonight!

Ed fala para Nietzsche: Putz! Finalmente acho que estamos começando a falar a mesma língua!!! Esse papo de enganação aí tem tudo a ver. Pensa só: Jesus e Bin Laden. Um mandava os outros rezarem de joelhos, o outro se ajoelha com a testa no chão para rezar. Um tem barba e cabelos compridos, o outro só a barba. Um usa túnica branca; o outro, túnica branca e turbante. Um contrariou os interesses de suas próprias elites religiosas e dos romanos, o outro contrariou os interesses dos yankies. Um tem 2000 anos de marketing pessoal, fama e propaganda; o outro quase 10 anos. Um (dizem) se dizia filho de seu próprio deus, o outro se diz (dizem) apenas um fiel de seu deus. Um usava palavras, ramos e (dizem) milagres como armas; o outro usa palavras, TV, internet e armas mesmo como armas. Um é retratado hoje como branco, loiro e olhos azuis (??!!); o outro tem pele trigueira. Um estudou o Torá; o outro, o Alcorão. Um (dizem alguns) foi orientado pelos Essênios; o outro (pasmem!), pelos próprios yankies. Um, como judeu que era, rezava balançando a cabeça contra as ruínas de uma parede de pedras; o outro, encostando a testa no chão. Um não tinha dinheiro; o outro tem muito, corrigido (juros) pelos próprios yankies. Um era filho de um homem de ofícios (uma espécie de quebra galhos, faz-tudo, até carpintaria, um artífice), o outro é filho de um construtor (engenharia). Um era solteiro e não tinha filhos (pelo menos, não reconhecidos), o outro tem uma porrada de esposas e uma porrada de filhos. Um (dizem) queria salvar o mundo, dos pecados; o outro quer salvar os mulçumanos, dos ocidentais (cruzados e yankies). Caráio, veio! Algumas diferenças, mas muitas semelhanças também, não? Seria o novo messias???!!!!

De Tarso grita para Ed: BLASFÊMIA!

Comandante do Zepelim Gigante fala para Todos: Quando vi, nesta cidade, tanto horror, iniqüidade, resolvi tudo explodir.

Ed fala para De Tarso: Ah, liga não, cara! Vou preparar um currículo para o Céu e um para o Inferno. Se for recusado num, apresento para o outro, vlw? Em algum canto a gente vai se encontrar...

Comandante do Zepelim Gigante fala para Tati Quebra-Barraco: Mas posso evitar o drama se essa formosa dama essa noite me servir.

Ed fala para Comandante do Zepelim Gigante: Manda ver, cara! Ela vai nos redimir... hahahahahaha

Tati Quebra-Barraco fala para Comandante do Zepelim Gigante: Eta lelê, eta lelê! Sou feia mais tow na moda, tow podendo pagá hotel pros homens, isso é que mais importante. Quebra meu meu barracooo!

Ed fala para Comandante do Zepelim Gigante: É isso aí, cara! Adão trocou todas as maravilhas do Éden pela mulher, absolutamente todas. Na boa, eu acho que o tal fruto proibido era a própria; depois que o Adão provou, pegou o presente divino, botou debaixo do braço, largou tudo e caiu no mundo, literalmente, deixando o Criador no ora veja... quem diria! hahahahahahaha

Deus entra na sala...

Ed fala para Todos: Ops...

Nietzsche sai da sala...

Tati Quebra-Barraco sai da sala...

Comandante do Zepelim Gigante sai da sala...

Deus fala para Ed: Amarás a Deus sobre todas as coisas!

Tony canta para Deus: The most beautiful sound I ever heard... All the beautiful sounds of the world in a single word .

Ed fala para Deus: Eu ME amo e é recíproco...

Deus fala para Ed: Mulher, tu não usarás roupas de homem (calça comprida, paletó ou simulacro), não te portarás de maneira masculina e não adorarás outro Deus (dinheiro, imagens humanas ou de outros animais)!

Ed fala para Deus: Mulher é o cacete, porra! Qual é? E sem essa de “não adorarás”! A partir de quantos ou quando uma seita vira religião? O Cristianismo era uma seita obscura praticada por um povo nômade que vagava pelos desertos da Arábia até que foi dar com os costados no rio Jordão. É baseada no sacrifício de animais para satisfazer os deuses. Não satisfeitos (deuses e ofertantes) resolveram oferecer sacrifício humano (Jesus) para aplacar o então Deus único, você (copiado de um faraó). Portanto é uma religião baseada em sacrifício humano, sem diferir muito dos Maias, dos povos da África e povos da Europa também.

Deus fala para Ed: Quer saber? Vai à merda!

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11.11.07

Tempo, tempo, tempo, tempo...




Essa brincadeirinha no Photoshop aí em cima é mero chiste. Na verdade, uma crítica bem-humorada à vaidade fútil. O Photoshop, junto com as máscaras de pepino, os cremes anti-idade, o "lifting" e o botox, parece ser o grande achado da modernidade para iludir o tempo. Aos quarenta anos de idade não sei se já posso me considerar um velho. Isso é algo que realmente nunca passou pela minha cabeça. Nunca pensei nisso porque, no fundo, isso nunca me incomodou de forma alguma. Não tenho medo da velhice ou da morte. Tenho medo de muita coisa, mas da velhice e da morte não. Tenho medo de gente mesquinha, de gente falsa e má. Tenho medo de ser atropelado, levar uma bala perdida, despencar num elevador... (mas não pela morte em si que possa advir desses eventos, e sim pela violência de ações tão arrebatadoras... porra, e se eu não tiver nem terminado meu chopinho e meu cigarro?) Mas do tempo e da velhice não. O tempo é parceiro do homem. O tempo, "um senhor tão bonito quanto a cara do meu filho... compositor de destinos, tambor de todos os ritmos... um dos deuses mais lindos". Rugas tenho-as aos montes já. Mas me acho tão bonito tendo-as por companheiras... Não admitirei retoque em nehuma delas!



Mas é exatamente aí que está
o encanto da minha idade.
Conheci de tudo um pouco,
das lágrimas aos sorrisos
e ambos me fizeram ser
essa pessoa que sou hoje.
Ficaram as rugas no rosto e na alma,
mas também ficaram sorrisos em ambos.
Minhas rugas mais bonitas
são aquelas marcas de expressão
que eu adquiri por tanto sorrir,
muitas vezes, quando o coração chorava.

(Silvana Duboc)


Pensando nisso, fiz esse pequeno vídeo. Espero que gostem.
Quem quiser, pode baixá-lo aqui.

Uma ótima semana a todos!


10.11.07

Tô de saquinho cheio da tal geração saúde!



Estava eu lá parado em frente à banca de jornais olhando pro nada e pensando na vida. De repente, o “nada” assumiu cores chamativas em corpos não menos chamativos pendurados em capas de revistas que iam desde “Caras”, “Boa Forma” a “Men’s Health”. Aí eu pensei (pois é, porque de tanto olhar para o nada e pensar na vida, hoje executo esse ato de “pensar” com quase nenhuma dificuldade): o negócio parece ser realmente virar um “saradão” ou uma “gostosona”, ter um corpo que chame a atenção, puxar ferro, tomar proteína, aminoácido, albumina, colocar silicone e o escambal para ficar com tudo em cima. Pensei e logo “despensei”. Eu, particularmente, prefiro puxar fumo (do liberado, Souza Cruz, ok?), tomar meu chopinho, colocar “simancol” e o escambal para ficar com tudo acima. Não que eu goste de ser essa coisinha magra, corcunda, sem bunda e de barriguinha saliente... Já até pensei em ser um sujeito saradão e tal... mas daí a chegar a “malhar”: nem fudendo!!!

Será mesmo que para ser aceito nessa sociedadezinha de merda tão preocupada com o tipo físico serei obrigado a me transformar no “incrível Hulk neguinho” de menores proporções?! Quero não, na boa. Uma rápida olhada nas páginas das citadas revistas nos mostra que essa mesma sociedade já está abarrotada de gostosona popuzuda “débiu mentau” e de bombado descerebrado. Ou seja, não precisa de mais um: posso dormir sossegado, em paz com minha consciência por não estar fugindo a nenhuma responsabilidade social, né não? E a padronização no visual desses seres estranhos? Os malhadões em suas roupas de marca, não raro, costumam cursar algo entre Administração, Educação Física ou Direito e sonham em viajar para uma praia qualquer na Tailândia. As gostosonas popozudas são siliconizadas, usam e abusam de tops "mostra-barriga" e falam com aquela vozinha arrastada e mole que deve até ser considerada sexy por alguma espécie de macho à qual eu decididamente não pertenço. A maioria delas me lembra muito aquelas coisinhas “fakes” saídas de um Big Brother Brasil: "Ai, Biaaaaaalllll........". O que foi, minha filha, tá gozando ou tá enfartando?!

Dia desses, travei um diálogo bem interessante com um camarada meu que já malha há algum tempo, faz Jiu-Jitsu, Muay Tai e o caralho e, só pra me esculhambar de vez, toda vez que o vejo e ele vem falar comigo, está sempre sem camisa (mesmo no inverno), só para me mostrar o peito rasgado e a barriguinha de tanque. Até o cachorro do sujeito (um Pitbull, como não poderia deixar de ser) entrou numas de vida saudável: faz caminhada uma vez por dia, pode?

O amigo saradão: Pô, cara, por que você fuma e bebe tanto?
Ed, o esquelético: É pra acalmar o sistema nervoso, rapaz.
O amigo saradão: Pô, cara, pára de brincar com a sua saúde! Pô, cara, vai fazer um exercício!
Ed, o esquelético: Mas fazer exercício pra quê, meu rapaz?
O amigo saradão: Pô, cara! Pra ficar sarado! (Juro que se ele repetisse esse “pô, cara” mais uma vez, eu dava um bico nos bagos dele.)
Ed, o esquelético: Mas eu não estou doente, meu querido.
O amigo saradão: Hã? (Tentar explicar pra ele o que é polissemia estava fora de cogitação, concordam?)
Ed, o esquelético: Meu rapaz, veja bem: o corpo humano foi feito para fatalmente se desgastar um dia, de uma forma ou de outra, certo?
O amigo saradão: Hã?!? (Coitado! Muito GH no cérebro, talvez.)
Ed, o esquelético: (sarcasticamente) Pois é, meu querido! Eu tento usar o meu corpo o mínimo possível para não levá-lo ao desgaste desnecessário antes do prazo de vencimento! Por isso, evito os exercícios. É a lei do menor esforço, entendeu?
O amigo saradão: Mas pô, cara! (Putz! Ele falou de novo!) Pra você ter um corpo malhado nem é preciso fazer tanto esforço. Hoje em dia tem os aminoácidos.
Ed, o esquelético: Aminoácido, rapaz??!!! Você sabia que os aminoácidos são substâncias compostas pelo grupo amino e o grupo carila (ácido carílico) em suas estruturas e que - embora sejam nutrientes que representam a fonte da vida e desempenham importante papel para a obtenção das proteínas necessárias ao bom funcionamento do organismo, sendo conhecidos 22 no total somando-se os 8 essenciais e os 13 não-essenciais - a ingestão dessas mesmas substâncias em demasia sobrecarrega os órgãos do corpo, como o fígado e rins?
O amigo saradão: Hã??!!! (Putz! Peguei pesado! Acho que acabei por destruir de vez um cérebro já comprometido.)

Confesso que uma vez, por um descuido das minhas faculdades mentais, até já tentei me tornar um saradão. Comprei uma porrada de aparelhos: mesa com supino e voador, halteres, anilhas, esteira, bicicleta ergométrica, etc. Uma parafernalha só! Mas, não sei por que, meu instinto de sobrevivência me advertiu a tempo que eu estava prestes a entrar numa furada. A parafernalha acabou cheia de ferrugem e poeira no terraço aqui de casa. Outra vez, cheguei mesmo a aventar a possibilidade de entrar para uma academia. Fiquei paradão lá na frente da mesma, olhando aquelas máquinas bonitas, aquelas pessoas saradas e suadas... Mas então, uma voz vinda do além me sussurrou ao ouvido: “Ed, tu vieste a este mundo para ser um moleirão flácido e esquelético e é assim que sempre serás. Cumpre tua sina, meu rapaz.” E desde então não desobedeço à sapiência dessa voz, que sou um sujeito que sempre primou pela sensatez e pelo bom-senso. Também já tentei parar de fumar e de tomar meu chopinho, mas devo confessar que sou mesmo um fraco que não resiste aos prazeres da nicotina, nem da cevada e do lúpulo. Mas sei bem que chegarei aos meus 90 anos tendo desfrutado de tudo que há e que ainda há de haver de mais moderno em matéria de fazer mal à saúde, e isso sem arrependimento algum. Se isso serve de conforto aos meus detratores, eu achei meu exercício ideal (e acredito que deva funcionar para a maioria também): a atividade cerebral... Garanto: essa parte do nosso corpo existe mesmo! E se for bem exercitada, nos garante um sorriso maior e até um certo ar de arrogância simpática... Quer saber? Espeta um alfinete nos saradões pra ver o que acontece! As gostosonas popozudas, invariavelmente, engordam; os saradões se mostram medíocres e mal educados. Ah, na boa... Deixem-me aqui com minha bunda flácida, minha barriguinha em cascata e meu corpinho “na capa do Batman”. Enquanto meu intelecto estiver em forma, estou cagando para os saradões e para as gostosonas popozudas. Meu esteróide predileto ainda é discernimento conquistado pelo conhecimento; meu fitness por excelência ainda são um bom livro, um bom filme e um bom papo-cabeça.

Parafraseando a nada sarada e inteligentíssima Rita Lee, nem toda brasileira é bunda; nem todo brasileiro é bundão!



Em tempo: não sei se os caros leitores repararam, mas mudei o layout do meu blog. Desisti daquele anterior azul e meio aviadado e optei por algo mais clean.

Se bem que essa história de clean é algo meio aviadado também, né? Ih, me fudi!

8.11.07

Conhecimento e bundalização



Eis o homem diante de si próprio. Lavando, passando, cozinhando, até pensando... Tirando Radiografias, ressonâncias magnéticas, expondo belíssimas razões para a mudança de tudo e de todos. Por fim, conhecemos! Tanto queríamos que nem acreditávamos, mas agora conhecemos! Eis o homem. Com seu passado sempre glorioso e seu futuro sempre medíocre... Cheio de aventuras, orgasmos, aulas matadas, dignidades morridas, prestações vencidas, nome no SPC... Repleto de classificações: este é bom; aquele é mau; esse é gente boa; esse é maluco; aquela é muito gostosa; ele tem o rosto lindo; olha só que bunda!!! Eis o homem! Eis a bunda!
Ah! a bunda!
Desculpem-me, ela merece letra maiúscula, que nem Deus: Ah a Bunda! Ah! o conhecimento... Depois de tudo pelo que passou o homem, ele finalmente conhece. Conhece o mundo inteiro. Conhece o mundo e meio. Conhece meio mundo. Conhece Deus e o mundo. Conhece mundos e fundos. Homem: o único animal capaz de raciocinar; o único que sabe que vai morrer. Homem: o único animal que sofre voluntariamente; o único que faz sexo em posição diferente daquela em que anda: faz sexo deitado!!!!
O único que se prostra; o homem finalmente conhece. Calcula. Elabora. Controla ejaculação precoce sem saber porque considera precoce (como se houvesse tempo determinado para gozar!). O homem não tem controle sobre o orgasmo, mas tem controle sobre a Bunda. Ah! a Bunda! Aquela é pêra. Aquela é maçã. Aquela é empinadinha, meu Deus! Aquela serve! Aquela, não!
- Olha só, Tião, que bundinha linda!!!
Homem: único animal que dá leite de vaca para o filho, com exceção da própria vaca! O homem tem complexo de boi! Para isso inventou a monogamia! Para isso inventou a monotonia! Para isso inventou a megalomania! Ele gosta, ele quer tudo isso! Para isso existe a Psicologia, a Filosofia, a Biologia, a putaria e o adultério.
Único capaz de conhecer, de raciocinar, único que possui linguagem, coragem, vagabundagem e conhecimento! Ah! o conhecimento. O homem se conhece. João sabe que é João. Leo sabe que é Leo. O homem conhece Deus.
Ah! Deus!
Homem: único animal divino! Único teológico, lógico! Graças a Deus! Já pensou se outros seres fizessem o que faz o homem? Imaginem só o cheirinho do Deus dos gambás!!!!
Homem: único animal que tem sentimento eletrônico. Que se ama por email! Que troca sentimentos a custa da Light e da Telemar.
Homem: único animal que deixa o filho passar fome e ainda ri.
Ah o riso!
Homem: único animal que ri com a boca. O peixe morre pela boca, mas também vive por ela; o homem morre pela boca e vive pela Bunda.
Ah! a Bunda! Sonho de consumo! Que todo mundo possui! Nunca vi ninguém sem Bunda. Bunda é que nem desculpa: todo mundo tem uma. Desculpa é que nem opinião: todo mundo tem uma.
Ah! o conhecimento! Razão da evolução, do progresso, da civilização, dos direitos humanos, da paz... Tudo graças ao conhecimento. Felizes somos nós que freqüentamos universidades, que temos namoradas, esposas, CR, carro. E quando não temos carro, felizes somos nós que teremos um. Nós somos os progressistas. Passamos em concursos públicos. Entramos na esfera pública e continuamos na privada. Discutimos no mais esmerado Português. Somos críticos. Enfim, conhecemo-nos. Todos temos uma história, uma vida. Só não temos esperança. Nunca tivemos. Somos filhos do desespero, da inconstância, da reclamação... E tudo o que fazemos é fruto do conhecimento.
Eis o mundo!
Eis o homem!
O homem apresentou o homem ao homem! E agora o homem passará a noite com o homem. Uma noite sem alvorada! Uma noite sem manhã. Sem sol. O sol apagou, Léo! O Sol apagou, André! A fonte de vida da Terra tornou-se inimiga da Terra. O sol está muito forte. Adoece! Não precisamos mais de calorias; precisamos de protetor solar. De protetor do lar. De protetor do mar. De protetor do ar. De protetor do bar. Tudo faz mal !
Ah ! o mal!
A eterna condenação.

(Danuzio Iguaçu)



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