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19.11.06

Sou Macabéa


MACABÉA: Glória, você me arruma uma aspirina?
GLÓRIA: Por que é que você me pede tanta aspirina? Não estou reclamando, mas isso custa dinheiro.
MACABÉA: É para eu não me doer.
GLÓRIA: Como é que é? Hein? Você se dói?
MACABÉA: Eu me dôo o tempo todo.
GLÓRIA: Aonde?
MACABÉA: Dentro. Não sei explicar.

(A hora da estrela, Clarice Lispector)








"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem peso da palavra nunca dita, prestes a quem sabe ser dita. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o peso da solidão no meio dos outros."
(Clarice Lispector)

Virtualidades...


“A meu ver, toda a fragilidade das relações virtuais, ainda que cheias de declarações e juras de amor, se deve à facilidade que as pessoas têm de ser quem não são, ou quem gostariam de ser, mas não têm coragem nem se consideram capazes para tanto...
Daí, as palavras são digitadas, mas não têm alma. Os sentimentos são descritos, mas não têm profundidade. Os encontros são idealizados, mas não têm força de realização, não têm disponibilidade suficiente para acontecerem... porque estão, sobretudo, impossibilitados pelo medo da rejeição, pelos exageros cometidos sem noção, pelas condições reais ignoradas em nome de desejos fugazes e proibidos...
E assim, quem está do outro lado, mergulhado até o pescoço nesta fantasia, fica sem entender... Perguntando-se o que foi que houve, o que deu errado, o que poderia ter sido, vivido, sentido, compartilhado... sem nunca realmente ter ouvido sequer a respiração ofegante do outro em busca de um amor que pudesse ser real.”

(Rosana Braga)



Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces...
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto...
No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...
E em minha voz, a tua voz...
Não te quero ter, pois em meu ser tudo estaria terminado...
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados...
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada...
Que ficou em minha carne como uma nódoa do passado...
Eu deixarei...Tu irás e encostarás tua face em outra face...
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada...
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu...
porque eu fui o grande íntimo da noite...
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa...
Porque os meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
E eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém, porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas,
serão a tua voz presente, tua voz ausente, a tua voz serenizada

(Vinícius de Morais)

"Infelicidade é uma questão de prefixo." (Guimarães Rosa)


O amor não é algo que te faz sair do chão e te transporta para lugares que nunca vistes.
Isso se chama avião.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala.
Isso se chama bronquite asmática.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que chega de repente e te transforma em refém.
Isso se chama seqüestrador.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que voa alto no céu e deixa sua marca por onde passa.
Isso se chama pombo com caganeira.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que tu podes prender ou botar pra fora de casa quando bem entender.
Isso se chama cachorro.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que escondes dentro de ti e não mostras para ninguém.
Isso se chama vibrador tailandês de três velocidades.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que lançou uma luz sobre ti, te levou pra ver estrelas e te trouxe de volta com algo dele dentro de ti.
Isso se chama alienígena.
O amor é outra coisa.

O amor não é uma coisa que desapareceu e que, se encontrado, poderia mudar o que está diante de ti.
Isso se chama controle remoto de TV.
O amor é outra coisa.

(Quando eu souber a autoria, eu posto aqui.... Valeu, Divina, pelo texto!!!)


Isto posto...



Para avião... bateria anti-aérea.

Para bronquite asmática... simpatia da vovó ou arrancar o pulmão.

Para seqüestrador... Divisão Anti-Seqüestro e porrada no filho da puta.

Para pombo com caganeira... espingarda de chumbinho.

Para cachorro... coleira, focinheira e enforcador.

Para vibrador tailandês com três velocidades... enfiar no cu do próximo filho da puta que te disser "eu te amo".

Para alienígena... Homens de Preto.

Para controle remoto de TV... lançá-lo na parede ou retirar-lhe as pilhas.

Pronto!! Prontinho... Tudo resolvido!!! Seja qual for a faceta do puto, há sempre uma meneira de botar o cabra pra correr...E não me venham mais falar dessa babaquice toda sobre o amor, ok?
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