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26.5.07

Respeito muito minhas lágrimas, mas ainda mais minha risada




engraçado como um verso que cantei várias vezes de repente assume, neste meu momento, um significado quase visceral... alegria não existe sem tristeza, dor não existe sem felicidade... da mesma maneira que silêncio não existe sem som, nem sombra sem luz...

meu amigo, há dias para sonhar, e tantos outros para entender... há dias para planejar, e tantos outros para empreender... dias para ganhar, outros para perder... dias para desistir, virar as costas e desistir da vida, e tantos outros para amá-la com todas as forças... há dias para se recolher, negar e se distanciar, dias de ausência e de saudade, e outros tantos para acordar e começar tudo de novo... e em todos esses dias, nós... nós, de posse de nossos coraçõezinhos imbatíveis e corajosos... e olha, meu amigo, que eu entendo bem de lágrimas, daquelas lágrimas que transbordam, escorrem, e rolam pelo rosto doendo feito queimadura... eu entendo bem de lágrimas, furtivas ou não... mas também entendo de alegria... e isso na mesma e exata proporção...

pois é, meu amigo, eu com meus cansaços e com minha vontade às vezes louca de fugir e só voltar depois de muito, muito tempo, acho que andei também meio deprimido, triste cansado, doente, irado e com medo... não sei ao certo... mas ela estava sempre ali: a calada e teimosa esperança... e aí eu decidi que vou voltar a sorrir... e isso é mais que um desejo, é uma escolha... é uma decisão inadiável...

um velho índio norte-americano descreveu certa vez seus conflitos internos: “dentro de mim existem dois lobos, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom; os dois estão sempre brigando”... quando então lhe perguntaram qual dos lobos ganharia a briga, o sábio índio parou, refletiu e respondeu: “aquele que eu alimento”...

não estaria na hora, meu amigo, de pararmos de alimentar o lobo malvado que habita em nós? não estaria ele matando nossa risada? believe me, my friend, pode levar um certo tempo, pode até custar algumas conquistas ou mesmo a segurança e tranqüilidade de relacionamentos que se acreditavam perenes, mas é preciso voltar a sorrir como antes... a mim me foi preciso apenas um período de descanso para que eu percebesse a falta que me fazem os meus sorrisos... e como é bom vê-los de novo se refletindo no rosto dos amigos e colegas... uma coisa te digo, meu amigo, from this moment on, com a destreza que me foi dada, me tornarei perito em risadas...

e se você, meu amigo, ainda não pôde compreender as razões desse verso de “Vaca Profana” intitulando esta postagem, sugiro que escute de novo a música, que preste atenção aos versos e tente perceber, na gradação a que eles induzem, a associação que fiz, ao pensar nos meus momentos de antes, no seu momento de agora (fora o “leite mau”!!!), evoluírem através do nosso controle, escolha e decisão (“movida madrileña ...”) para devolverem às nossas vidas, em lucros (leite bom), os custos da existência... mas não se avexe não, amigo, amanhã tudo pode acontecer... inclusive nada... e além do mais, como diz a música: “de perto, ninguém é normal”...

um brinde às lágrimas que passaram e às que virão... mas, na boa, eu respeito muito mais a minha risada...




FELICIDADE REALISTA
(Martha Medeiros)


A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.

Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.

Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.

E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando.

Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.

É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.

Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.

Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.

Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.

Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.

Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente.

A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.

Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormentam e provocam inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade...

"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo..."
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