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17.7.10

CAMPANHA PELA VIDA: Eu cuido da minha, você cuida da sua!



"Compensando a anatomia, o povo fala sem ter dó
São dois olhos, dois ouvidos, mas a boca é uma só
E fala, o povo fala mesmo

O povo fala, o povo fala mesmo"

(Ana Carolina)



A ideia desta campanha não foi minha. Ela já rola pela internet faz tempo. Mas, muito embora seja uma campanha que aponte humanisticamente para atitudes nobres, fidalgas e dignas, não logrou surtir efeitos mais abrangentes. Há que se considerar, infelizmente, que a internet nunca foi campo fértil para se estimularem atitudes nobres, fidalgas e dignas...

De qualquer maneira, cá estou: mais um a se apropriar da boa intenção da campanha e tentar fazer a minha parte. Quem sabe um ou dois leitores desse ilustre desconhecido blog decida pôr em prática a ideia: reproduzir em bottons, camisetas, capas de caderno, outdoors... sei lá, algo que chame à atenção as cabecinhas mais toscas e limitadas.

Já perdi algum tempo aqui mesmo neste blog alertando para o perigo viciante que consiste em se dedicar à vida alheia. Numa postagem de 07/01/2007 intitulada “Alteridades”, eu já tinha cantado essa pedra. No texto cito, inclusive, um pequeno diálogo de autoria desconhecida para mostrar que, geralmente, a falha ou a falta que apontamos nos outros são nossas próprias falhas ou faltas projetadas. Ou, como diria Sartre, em uma de suas frases magistrais (e minha preferida) na peça Huis Clos, “l’enfer, c’est les autres” (“O inferno são os outros”). Transcrevo aqui o diálogo citado na postagem de 2007:



Olhar o defeito do outro

A mulher olhou através da sua janela, apontou para o quintal da vizinha e disse ao marido:
- Há dias venho observando como é encardida a roupa da vizinha. Eu teria vergonha de pendura no varal uma roupa tão mal lavada. Isso é relaxamento, um desleixo... Na verdade, acho que é preguiça.
O tempo passava... e, cada vez que ela voltava a observar, as roupas tinham um aspecto pior. Certo dia, uma surpresa! Ao reparar nas roupas da vizinha, ficou abismada. Estavam brancas, limpinhas, as cores vivas.
- Criou vergonha, disse ela. Perdeu a preguiça e esfregou mais, ou então trocou a marca do sabão.
- Nada disso, replicou o marido. Fui eu que lavei.
- Lavou a roupa da vizinha?
- Não, mulher. Lavei o vidro da janela. Era ele que estava encardido.



Há também uma outra postagem de 12/07/2007 intitulada “Contra a maledicência e o sarcasmo, use a abundância de ideias, de amores e de risos”, onde pego mais leve com os fofoqueiros e até revelo uma certa complacência paciente e alguma generosidade. Algo realmente espantoso para minha natureza cáustica e cínica!

O fato é que não há como ser complacente nem generoso com os fofoqueiros e maledicentes de plantão. E essa é a uma grande verdade. Para eles, de agora em diante, limito-me a proferir em alto e bom som um grande F.O.D.A.-S.E.

E digo mais: pelo que observo nos fofoqueiros e maledicentes que me rodeiam, cada vez mais me convenço de que a origem e motivo desencadeador dessa prática mesquinha só pode residir numa puta falta de sexo de qualidade. Pessoas que não trepam com frequência, ou trepam sem tesão, costumam dedicar boa parte de suas vidas a tomar conta da vida alheia. É sintomático isso. Prestem atenção na cara dos fofoqueiros: a pele é feia, sem viço, o sorriso é raro. E isso não tem nada a ver com o fato de, na maioria das vezes, tratarem-se de baiacus ou barangas. Não, não é a ausência de beleza exterior que condena essas pessoas a uma aridez sexual, mas sim de uma beleza interna que elas mesmas nunca conseguirão experienciar; porque seus corações e almas são assombrosamente medonhos, verdadeiros retratos de Dorian Gray. Essas pessoas são como aquelas retratadas no “Blues da piedade” de Cazuza, sem tirar nem pôr:


“Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada”


E agora, para os fofoqueiros e fofoqueiras: limitem-se a buscar suas satisfações (não só as sexuais) perdidas há tempos e larguem do meu pé! Porque eu, caros maledicentes de plantão, estou cagando para todos vocês. Porque tenho como missão justamente isso: incomodar todos vocês, chocar, escandalizar, perceber o mal-estar de vocês diante da minha cagada homérica no centro de suas salas assepticamente arrumadas e sem vida. Portanto, trepem mais... e fofoquem menos!




PARES CUM PARIBUS CONGREGANTUR


Quando nasci
não nasci torto
nem feio.
Como bom leonino
saltei na vida
e pedi a palavra
— Gauches são vocês, meus caros!

Onomástico sete
cabra no chinês
elemento fogo
incomodo antes
por ideologia
depois por aparecer.

Que me juntem aos pares
que me apontem na rua
que me lancem maldição!...
mas não me peçam
moderação ou paciência.

Não serei menor que meu mundo,
meu tempo, minha boca.
E além do mais
acredito na possibilidade
de se recuperarem os povos.

Fujo do igual
e no diferente
me encontro com o igual.

Vão lá vocês entender isso!

(Edmilson Borret)
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