A poesia erguia-se no fim da rua
desafiadora... a mão no ar
Tinha descido da laje
aos pulos
e ziguezagueado nos becos
A poesia tinha dentes brancos
na noite negra sem lua
A poesia arfava
tentava uma saída
Nenhuma porta
nenhum barraco
nenhum latão de lixo
para dar guarida à poesia
Eles vieram
arrastaram a poesia
levaram-na pro descampado
barbarizaram com a poesia
e deram-lhe 10 tiros na cara
Ninguém viu, ninguém ouviu
Era noite alta – dizem
Melhor não falar da poesia!
O que se sabe é que era linda...
No dia seguinte tinha uma poesia
estampada no jornal
Lindos dentes brancos
em meio à tinta preta...
(Edmilson Borret – 30/03/2011)