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26.8.07

Tietagem pura do tio babão

Caríssimos amigos, tem coisa mais fantástica do que passar o domingão corujando os sobrinhos lindos e ouvindo a Gabriela, minha sobrinha de 15 aninhos, arrasando na voz e no violão?????.... Coisa mais linda!

Escutem e vejam vocês mesmos e digam se eu não tenho razão!




Confesso: quando o assunto são esses "anjinhos", sou coruja assumido.

Bjs e abraços extasiados do Ed!

23.8.07

NÃO EXISTEM HOMOSSEXUAIS

Caramba! E eu que sempre tive opiniões tão arraigadas, beirando o extremismo, sobre o assunto!!!! Após a leitura do texto que segue abaixo, estou fortemente inclinado a rever meu ponto de vista... É algo em que eu realmente nunca havia pensado. E que inveja, meu Deus! Esse é o tipo de texto que eu gostaria de ter escrito.

Agradeço do fundo do coração ao amigo que me enviou e possibilitou que eu o publicasse aqui no meu blog... Embora eu possa estar incorrendo em ato ilícito, por estar ferindo direitos autorais, vale a pena correr o risco... Até porque não deixo de citar o autor nem a fonte. Espero que o autor entenda...




NÃO EXISTEM HOMOSSEXUAIS

Acreditar que um adjetivo se converte em substantivo é uma forma de moralismo pela via errada

NÃO CONHEÇO homossexuais. Nem um para mostrar. Amigos meus dizem que existem. Outros dizem que são. Eu coço a cabeça e investigo: dois olhos, duas mãos, duas pernas. Um ser humano como outro qualquer. Mas eles recusam pertencer ao único gênero que interessa, o humano. E falam do “homossexual” como algumas crianças falam de fadas ou duendes. Mas os homossexuais existem?
A desconfiança deve ser atribuída a um insuspeito na matéria. Falo de Gore Vidal, que roubou o conceito a outro, Tennessee Williams: “homossexual” é adjetivo, não substantivo. Concordo, subscrevo. Não existe o “homossexual”. Existem atos homossexuais. E atos heterossexuais. Eu próprio, confesso, sou culpado de praticar os segundos (menos do que gostaria, é certo). E parte da humanidade pratica os primeiros. Mas acreditar que um adjetivo se converte em substantivo é uma forma de moralismo pela via errada. É elevar o sexo a condição identitária. Sou como ser humano o que faço na minha cama. Aberrante, não?
Uns anos atrás, aliás, comprei brigas feias na imprensa portuguesa por afirmar o óbvio: ter orgulho da sexualidade é como ter orgulho da cor da pele. Ilógico. Se a orientação sexual é um fato tão natural como a pigmentação dermatológica, não há nada de que ter orgulho. Podemos sentir orgulho da carreira que fomos construindo: do livro que escrevemos, da música que compusemos. O orgulho pressupõe mérito. E o mérito pressupõe escolha. Na sexualidade, não há escolha.
Infelizmente, o mundo não concorda. Os homossexuais existem e, mais, existe uma forma de vida gay com sua literatura, sua arte. Seu cinema. O Festival de Veneza, por exemplo, pretende instituir um Leão Queer para o melhor filme gay em concurso. Não é caso único. Berlim já tem um prêmio semelhante há duas décadas. É o Teddy Award.
Estranho. Olhando para a história da arte ocidental, é possível divisar obras que versaram sobre o amor entre pessoas do mesmo sexo. A arte greco-latina surge dominada por essa pulsão homoerótica. Mas só um analfabeto fala em “arte grega gay” ou “arte romana gay”. E desconfio que o imperador Adriano se sentiria abismado se as estátuas de Antínoo, que mandou espalhar por Roma, fossem classificadas como exemplares de “estatuária gay”. A arte não tem gênero. Tem talento ou falta de.
E, já agora, tem bom senso ou falta de. Definir uma obra de arte pela orientação sexual dos personagens retratados não é apenas um caso de filistinismo cultural. É encerrar um quadro, um livro ou um filme no gueto ideológico das patrulhas. Exatamente como acontece com as próprias patrulhas, que transformam um fato natural em programa de exclusão. De auto-exclusão.
Eu, se fosse “homossexual”, sentiria certa ofensa se reduzissem a minha personalidade à inclinação (simbólica) do meu pênis. Mas eu prometo perguntar a um “homossexual” verdadeiro o que ele pensa sobre o assunto, caso eu consiga encontrar um no planeta Terra.

(por João Pereira Coutinho)

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Fonte do texto

19.8.07

"Se meu mundo cair, eu que aprenda a levitar"




ENSAIO SOBRE ADÃO

Há cinco possibilidades. Primeira: Adão caiu.
Segunda: foi empurrado. Terceira: saltou. Quarta:
ao debruçar-se sobre o parapeito perdeu o equilíbrio. Quinta:
nada digno de nota aconteceu a Adão.

A primeira, de que caiu, é precária demais. A quarta,
medo, foi examinada e revelou-se inútil. A quinta,
de que nada aconteceu, não interessa. A solução é a alternativa:
saltou ou foi empurrado. E a diferença está apenas

na questão de saber se o demônio
age de dentro para fora ou de fora para
dentro: aí está
o verdadeiro problema teológico.

(Robert Bringhurst - Tradução de João Cabral de Melo Neto)



Realmente um puta problema teológigo. Ou seja, não tem “ou seja”: Adão, com certeza já prevendo que viria servir a posteriori para trocadilhos infames do tipo “eu vi Adão”, talvez tenha sido o primeiro neurótico ou psicótico de que se tem notícia na história da humanidade. Também, coitado, Eva andava lá pelo jardim das delícias vendo a uva já naquele tempo... Uva lembra cacho, cacho lembra bagos... bagos lembra bolas.... Putz! Safadinha essa Eva, hein! Depois ainda vieram com um papo furado de que foi maçã (era uva, pô!... toda criança que foi alfabetizada pela cartilha Sonho de Talita sabe disso!). Ou seja (agora tem um “ou seja”), enquanto Eva deliciava-se com bagos e cobras (a rapaziada já era chapa quente naquele tempo), o moçoilo dos trocadilhos infames burilava suas dúvidas existenciais para saber se saltava ou se era empurrado... ou se deixava que nele empurrassem (os trocadilhos não foram à toa, tá vendo?)... Pirou, coitado. Surtou legal.

A questão é que Freud, lá pelos idos de 1923 e 24 (isso é perseguição, hein!), preocupado com a questão do que a psicanálise teria a dizer a respeito da saúde mental, escreveu dois pequenos textos: Neurose e psicose e A perda da realidade na neurose e na psicose. Os dois falam basicamente sobre o mesmo tema: a tensa relação do eu com o isso, fonte das demandas pulsionais, diante das exigências do superego. No primeiro texto, Freud afirma que as neuroses e as psicoses são efeito de um fracasso das funções do eu na administração do conflito entre o superego e as pulsões. No segundo texto, ele avança um pouco mais e afirma que essas duas modalidades de sofrimento psíquico correspondem a dois modos de distorção da relação do sujeito com o real. Na neurose, sugere o viajandão, o eu está em conflito com as demandas do isso, em obediência ao superego e à realidade. Para atender às exigências destes dois senhores, o eu recalca as representações das demandas pulsionais do isso, perdendo ou deformando uma parte importante da realidade psíquica; ao mesmo tempo, para que a defesa funcione, o sujeito precisa conseguir ignorar todas as percepções da realidade externa que possam se associar à representação recalcada. No caso da psicose, é a relação com a realidade externa que se deforma, a cada vez que esta resiste a satisfazer a demanda pulsional, ou seja: a cada vez que se anuncia para o sujeito, como que vinda do real, a ameaça de uma castração que ele é incapaz de simbolizar.

Entenderam alguma coisa??!!! Não? Eu também não entendi porra nenhuma. O cara tava fumadão, não é possível! Mas achei o texto legal e profundo e resolvi colocar aqui pra vocês, caros leitores. Nem só de babaquices e viadagens se faz um blog, aprendam isso, ok? De qualquer forma, a passagem acima já nos dá pistas da real inquietação do nosso homem de argila. Eu tava tentando entender o que poderia ser esse “isso”. Mas atentando para os detalhes, observem que eu até mesmo sublinhei algumas palavrinhas-chave. Veja bem: enquanto a putinha da Eva ficava lá com os bagos da rapaziada e no tête-à-tête com a cobra (literalmente tête-à-tête), o camarada tinha que satisfazer a demanda pulsional do “isso” dele, oras! E quem tem um “isso” sabe que, quando o bicho começa a pulsar, a gente tem que dar vazão. Senão dá tilt. Só que no caso do nosso primeiro analisando da história, ele ainda tinha forçadamente que “ignorar todas as percepções da realidade externa” que se associassem a uma “representação recalcada” (palavras do fumadão). Ou seja, a tal da Eva, não obstante o sem número de uvas que andou vendo, devia ser feia pra caralho ainda por cima... E dá-lhe percepção da realidade ignorada, e dá-lhe representação recalcada... Mas a pulsação do “isso” tinha que ser satisfeita de alguma forma. A saída então era fechar os olhos e mandar ver na imaginação. No fundo, ele queria mesmo é que a mocinha lhe trouxesse logo a tal da maçã (eu continuo suspeitando que era uva), mas vinha-lhe sempre à mente o dedo acusador do Criador ameaçando-o com a possível “castração”. Castração entendida aí num sentido mais metafísico e filosófico, entenderam? Não? Bem, mas é isso... Daí então é que veio a fatídica queda. E até hoje não se sabe se ele saltou ou foi empurrado. E como resultado, nos deixou esse legado: a neurose e a psicose. Mais do que o “cair” mítico de que nos fala o gênesis de quase todas as religiões, acho que o pecado original, o legado que nos foi deixado, é justamente esse: nos tornamos seres neuróticos e psicóticos por medo da queda.

Mas o que é o “cair”, eu pergunto.

Também só fico na pergunta. Não achem que eu vou responder... Até porque eu também tô querendo saber. Cair, saltar ou ser empurrado... acho que tudo acaba sendo a mesma porra, se não soubermos manter a pose na hora H. É preciso classe e graça mesmo na queda. Minha adorada Maysa Matarazzo dizia: “Se meu mundo caiu, eu que aprenda a levantar”. Apesar de gostar muito da vozinha rouca dela e do estilo dor-de-cotovelo, eu prefiro ir mais além... Vou de José Miguel Wisnik mesmo... sobretudo quando ele diz: “Se meu mundo cair, então caia devagar”... Mas não é verdade? Pra quê a pressa, né não? E, diferentemente da Maysa, ele diz: "eu que aprenda a levitar"... Caramba! Levantar é mole, foda mesmo é levitar depois de uma queda! Há que se ter muita leveza de espírito, meus caros!... Grande Wisnik! Esse é dos meus...

Ótimo domingo a todos!


SE MEU MUNDO CAIR

Se meu mundo cair
então caia devagar
não que eu queira assistir
sem saber evitar

cai por cima de mim:
quem vai se machucar
ou surfar sobre a dor
até o fim?

cola em mim até ouvir
coração no coração
o umbigo tem frio
e arrepio de sentir
o que fica pra trás
até perder o chão
ter o mundo na mão
sem ter mais
onde se segurar

se meu mundo cair
eu que aprenda a levitar

(José Miguel Wisnik)

15.8.07

O voyeurismo canalha do gauche


É interessante observar pessoas sem que elas nos vejam. É quase doentio isso, eu sei, mas é algo a que tenho me dedicado há algum tempo. Não diria que chego ao extremo de um L.B. Jeffries hitchcockiano (até porque não tenho o charme do James Stewart), mas observar aqui do meu cantinho me dá um prazer meio estranho... Sei não, mas tô sentindo um cheiro de uma sociopatia qualquer no ar... Alguém aí me indicaria um bom analista? hehehehehe

Ok, ok. No filme do mestre do suspense tinha um puta binóculo, um puta apartamento, uma puta janela numa puta sala e um puto numa cadeira de rodas observando a vizinhança... De tudo isso, acho que só tenho o tanto de puto e a imobilidade das pernas... não por estar também numa cadeira de rodas, mas por conta dessa letargia que parece ter se apoderado de mim. Há meses que fiz do espaço pouco do meu quarto o meu mundo. Daqui vejo tudo, espio tudo, ouço tudo, rio de tudo e choro por tudo. Meu quarto fede a cigarro e a esquecimento (eu ia falar "esperma", mas me contive por achar que isso chocaria aqueles que ainda não conseguem ligar o nome à coisa)... e nem a poeira dos móveis eu ouso retirar: faz parte da ambientação. E devo avisar que já estou de antemão mandando tomar no cu o primeiro filho da puta que vier me falar de síndrome do pânico, depressão, morte em vida ou coisa que o valha, ok? Não, não é nada disso. É só recolhimento mesmo. E ponto final. A única coisa que poderia me preocupar seria se essa imobilidade que se verifica no corpo atingisse as idéias. Aí sim, meus caros, vocês poderiam mandar vir o carro fúnebre, caixão, coroa e uma banda de rhythm‘n’blues (que eu vou querer um funeral como aqueles bem tradicionais de New Orleans... pois vamos combinar: o Ed aqui gosta é de pompa mesmo!!!!). Mas não, não é ainda o caso. No fundo, estou bem. Recolhido, é certo. Mas bem. Quando muito, os amigos (os verdadeiros amigos) poderiam me dizer a título de exortação as famosas palavras de ordem "vai à luta", "sai dessa lama, jacaré", "solta a franga" "volta pro reduto, luana" ou, para ser mais moderninho, uma que o Selton Mello usa numa propaganda de um banco veiculada atualmente na tv e nas rádios: "sai de trás dessa pilastra, se joga, criatura!"

Feito esse enoooooooorme parêntesis, volto ao tema do início: o meu voyeurismo atual. Muitos acham, por exemplo, que ando afastado do orkut e do MSN. Nada. Estou tão presente quanto antes. Só não interajo tanto quanto antes. Enquanto fico aqui baixando meus filminhos e meus mp3, observo as pessoas desfilando pelo orkut, pelas comunidades e, sobretudo, pelo MSN. Adoro, por exemplo, observar as mensagens pessoais que os amigos colocam logo após o nick no MSN... é cada coisa bem interessante mesmo! Sem falar nas músicas que as pessoas estão ouvindo! Dia desses, por exemplo, minha amiguinha Bel estava ouvindo "Another brick on the wall"... eu a via, ela não me via... cruel, não? hehehehehe

Just another brick on the wall... Só mais um tijolo no muro. That’s it! Somos apenas mais um tijolo na porra do muro, essa é a verdade. E fico aqui pensando que, enquanto passo meu tempo a observar pessoas, a vida corre lá fora, queira eu ou não. Meu peso, enquanto tijolo, será mensurado e considerado como algo significativo nesse processo todo? Ou será preciso que eu, enquanto tijolo em falso, despenque desse muro e caia na cabeça do passante desavisado para que se perceba que, ainda que tijolo, continuo por aqui? De qualquer maneira, haverá algum barulho (tijolo se espatifando em queda faz um estrondo do caralho) ou alguma fúria (tijolo nas fuças tem o poder de liberar muitos palavrões) na pequena história deste pobre idiota aqui?
"A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre cômico que se empavona e se agita por uma hora no palco, sem que seja, após isso, ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de som e fúria, que nada significa."

Cito Macbeth de propósito: quero assim mostrar a degradação da minha natureza humana, o lado obscuro da minha alma, as conseqüências últimas da minha entrega total ao pecado. O delicioso pecado de espiar os outros. Pois hoje cedi mais uma vez a esse vício. Mas não foi no virtual. Foi bem real. Gargalhei intimamente ao observar a mediocridade e a pequenez humana disfarçada de tenacidade moral. Não sou nem nunca fui muito adepto de termos pejorativos como "vadia" ou "cachorra" para se referir às mulheres. É algo que não parece condizer muito bem com meu jeito meio feminil de ser. Mas a observação minuciosa das atitudes de uma certa mulher hoje me deu ganas de lançar mão de tais adjetivos. Pela primeira vez em muito tempo me deu vontade de ser meio troglodita, canalha e filho da puta com uma mulher. Continuei, porém, na minha observação das atitudes e reações da infeliz e quase que acabei por sentir pena da dita cuja. Observando-a, deleitei-me. Senti um prazer imenso ao vê-la se debater para querer mostrar retidão após ter tão descaradamente deixado cair a máscara da pretensa pureza. Não que eu seja moralista a ponto de achar relevante a pureza numa mulher. Mas coerência e honestidade, isso sim eu acho muito relevante. Caetanamente, não vou querer falar da malícia de toda mulher. Mas até para se ter malícia é preciso coerência, inteligência e honestidade, caramba!

A pobre passante desavisada foi vítima do meu tijolo em queda franca, coitada... Também, quem mandou esbarrar no muro? Não se esbarra impunemente num muro introspectivo e observador. Eu tava aqui na minha imobilidade e esquecimento, lembram? E muro é sempre muro. Rima com duro. Se não vai encarar que passe ao largo. Mas não me venha com falso puritanismo babaca porque eu, recém-chegado aos 40, degradado e degradante, obscuro e pecador, observo e observo sempre... É meu vício, é meu prazer calhorda. Sou um voyeur da alma humana. Perspicaz quando necessário. Fútil quando assim me convém. Sentimental quase chegando às raias do existencialismo (como observou minha amiguinha Cristiane) quando me sinto sufocado. Mas sarcástico, ácido e cruel quando instigado. E tudo isso, fruto desse voyeurismo a que venho me dedicando...

Coitada mesmo da passante desavisada de hoje! Se eu tivesse o charme inocente do James Stewart talvez ela tivesse tido mais sorte... Mas ela teve o azar de esbarrar com o sociopata esquisitão, sórdido e doentiamente observador do Ed aqui... Por mais que ela tenha tardiamente tentado se camuflar, eu a vi nua em pêlo...



"Eu não sou eu nem sou o outro,
Sou qualquer coisa de intermédio:
Pilar da ponte de tédio
Que vai de mim para o Outro."

(Mario de Sá-Carneiro)
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