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30.3.11

(Autoia da foto: Edmilson Borret - 30/12/2009)


A MORTE DA POESIA


A poesia erguia-se no fim da rua
desafiadora... a mão no ar
Tinha descido da laje
aos pulos
e ziguezagueado nos becos
A poesia tinha dentes brancos
na noite negra sem lua
A poesia arfava
tentava uma saída
Nenhuma porta
nenhum barraco
nenhum latão de lixo
para dar guarida à poesia
Eles vieram
arrastaram a poesia
levaram-na pro descampado
barbarizaram com a poesia
e deram-lhe 10 tiros na cara

Ninguém viu, ninguém ouviu
Era noite alta – dizem
Melhor não falar da poesia!

O que se sabe é que era linda...

No dia seguinte tinha uma poesia
estampada no jornal
Lindos dentes brancos
em meio à tinta preta...


(Edmilson Borret – 30/03/2011)

Um comentário:

Jorge Willian da Costa Lino disse...

Grande Edi, gostei muito. Na leitura pensei em duas coisas: a morte mesmo da poesia no sentido da literatura e a morte de pessoas assasinadas, ou seja, da poesia viva extraída de nós pelas mãos de justiceiros e outros tipos de marginais. Neste último caso me ocorreu a sobrevivência do menino de 14 anos que , tendo levado 5 tiros em Manaus de um PM, pasou dez dia no hospital e sobreviveu. A poesia viva é persistente em alguns casos. Os marginais também. Lembrei, por fim, dos versos da canção de Moraes:"Lá vem o Brasil descendo a ladeira". Resumindo tudo que quero dizer, o fato é que a intertextualidade se fez não só entre o que já foi escrito e/ou cantado, mas principalmente com o que já foi vivido e estamos a viver. Mais uma vez: valeu, gostei muito.

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