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22.11.06

... a poesia está para a prosa assim como o amor está para a amizade...


Você me lê, eu sei. Leio você também, sabe. Por nos lermos, ficamos no silêncio. Coisa muita eu diria se pudesse. Verdades não ditas na cara é espinha de peixe. Na noite, por exemplo, vi o farol na sua janela. Duas vezes vi. Passei, cumprimentei, segui caminho. Esperava seu argonauta. Esperava eu sei. Mas mentiu ocupação. Como sempre. E esperou: em vão. Como sempre. Ainda bem que em cadeira. Em pé cansava. Mas acalma o peito. Achado o velo de ouro seu farol será visto na noite. Talvez. Ou talvez não. Acalma o peito. Sua mensagem em grito até chega à embarcação. O eco não vem porém. A sereia canta mais alto. E pouco adianta mensageiro mirim. Triste até é. O velo primeiro, você soube sempre. Rebelar-se agora? Tarde demais. Não tem a minha mesma fibra. Debelar-se melhor é: novo não seria em você. Pena você me dá! Mais que de mim. Ao menos eu sei ver: você nem... Me mente ocupação, se mente satisfação. Pena você me dá! Volto ao silêncio decidido há dias. Coisa pouca da coisa muita disse por ora. Farinha e miolo de pão também resolvem além do quê. E a espinha incomoda menos agora. Cuide-se você também. Beijos. (Beijos sim: me envergonho não.) Boa noite.

Rio, 22 de outubro de 2006, 0:30h.



Estão vendo aí? Passar da poesia para a prosa até que não é muito difícil, mas...

2 comentários:

Divina disse...

Prosa poética! Se o Alencar pode, por que não o Ed?
Ficou lindo!
Bjs!

Anônimo disse...

Ed que maravilha!que lindo!
beijos

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