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18.10.11

aquele abril




havia nos muros palavras
e nas palavras silêncio
havia na calçada flores
e rostos emoldurados
e deuses e esperanças
enfileirados na noite
de profetas e jornais



havia nos abraços espanto
e nas vigílias dormência
e nos nomes havia
o cheiro perfurante das memórias
feito pedaços de uma xícara
- uma canção inacabada

havia nos dias um outono
e holofotes e manchetes
e um de repente abissal
nas rugas no canto da boca
nas entranhas inconformadas
feito inverno antecipado
feito café frio e amargo
e doce esquecido no prato

havia o ponteiro do relógio
parado fora de hora
e a esquina absurda do medo
e a poeira dos sonhos de avós
e o espetáculo
e o soluço
e a aspirina

havia as batinas e os coturnos
os ternos e as bíblias
e a voz ritmada do pop star
e havia quem dissesse um
quem dissesse doze
ou quase mil
quem os dissesse anjos
feito se lhes antevissem as asas

(Edmilson Borret – 18/10/2011)

2 comentários:

jorge willian disse...

Muito bom.Aquele abril precisa ser poematizado precisa ser transmutado para que a beleza se faça dona dor que se apresentou como tragédia.Ao ler o poema Lembrei-me de "As Flores de Abril" do velho Vinícius e do meu "Revoada" sobre o mesmo tema.

Jorge Willian da Costa Lino disse...

VÊ SE ESCREVE, MEU AMIGO, PASSEI AQUI PARA CONFERIR POIS QUERIA LER ALGO NOVO DE TUA AUTORIA. ESTA VIDA DE FACEBOOKEIRO(RSRSRS)AINDA TE MATA RSRSR.

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