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11.11.06

Dinheiro na mão é vendaval...


Um pai, bem de vida, querendo que seu filho soubesse o que é ser pobre, levou-o para passar uns dias com uma família de camponeses. O menino passou 3 dias e 3 noites vivendo no campo. No carro, voltando para a cidade, o pai perguntou:
– Como foi sua experiência?
– Boa, responde o filho, com o olhar perdido à distância.
– E o que você aprendeu? Insistiu o pai.
O filho respondeu:
– Primeiro: que nós temos um cachorro e eles têm quatro.
– Segundo: que nós temos uma piscina com água tratada, que chega até a metade do nosso quintal. Eles têm um rio sem fim, de água cristalina, onde tem peixinhos e outras belezas.
– Terceiro: que nós importamos lustres do Oriente para iluminar nosso jardim, enquanto eles têm as estrelas e a lua para iluminá-los.
– Quarto: nosso quintal chega até o muro. O deles chega até o horizonte.
– Quinto: nós compramos nossa comida, eles cozinham.
– Sexto: nós ouvimos CDs... Eles ouvem uma perpétua sinfonia de pássaros, periquitos, sapos, grilos e outros animaizinhos... Tudo isso às vezes acompanhado pelo sonoro canto de um vizinho que trabalha sua terra.
– Sétimo: nós usamos microondas. Tudo o que eles comem tem o glorioso sabor do fogão à lenha.
– Oitavo: para nos protegermos, vivemos rodeados por um muro, com alarmes... Eles vivem com suas portas abertas, protegidos pela amizade de seus vizinhos.
– Nono: nós vivemos conectados ao celular, ao computador, à televisão.Eles estão "conectados" à vida, ao céu, ao sol, à água, ao verde do campo, aos animais, às suas sombras, à sua família.
O pai ficou impressionado com a profundidade de seu filho e então o filho terminou:
– Obrigado, papai, por ter me ensinado o quanto somos pobres! Cada dia estamos mais pobres de espírito e de observação da natureza, que são as grandes obras de Deus. Nos preocupamos em TER, TER, TER, E CADA VEZ MAIS TER, em vez de nos preocuparmos em SER.

(Autoria não declarada)

Recebi isso de uma amiga, num dos muitos arquivos .pps que recebo diariamente. Alguns eu leio até o fim. Outros, abro o primeiro slide, vejo do que se trata e, não raro, deleto sem ter lido até o final. Mas esse, em particular, chamou-me a atenção. Tá bom, tá bom, é meio piegas, meio "bicho-grilo", meio "eu quero uma casa no campo" à la Zé Rodrix. Mas tá servindo de recado para uns e outros aí que pensam que grana é tudo na via... Ah, isso com certeza... Meu camarada Sílvio lá da comunidade "Furalhos pra cadido" é que diz: "A grana que a gente deixa no farmacêutico e no médico é diretamente proporcional àquela que a gente ganha a mais, se matando de trabalhar feito um burro de carga em horas-extras."
Então, vai lá, Paulinho! Solta o verbo!

Quanta gente aí se engana
E cai da cama com toda ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou
Mas é preciso viver
E viver não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão

Tensão no Rio - part II : habibi


Finalmente, após quase 11 horas de tensão, o homem foi finalmente dominado e conduzido a um furgão do BOP (Batalhão de Operações Especiais). E parece que, dessa vez, ninguém foi asfixiado no caminho. Nossa puliça tá evoluindo!!!!!!
Excetuando a ex-esposa que sofreu agressões físicas, nenhum dos 38 reféns saiu ferido. Menos mal...

Ironicamente, toda a negociação se deu em frente a uma filial de uma grande rede de fast-food chamada Habib's.

"Habibi" significa "amor" em árabe.

10.11.06

Tensão no RJ: revolta e desiquilíbrio emocional levados ao extremismo passional


A polícia negocia desde o início da manhã desta sexta-feira a libertação de passageiros de um ônibus mantidos reféns por um homem armado, cuja ex-mulher está na mira da arma, na rodovia Presidente Dutra.
Parentes do homem, a mãe e irmã, além de um pastor evangélico foram ao local para tentar ajudar a resolver o impasse.
O seqüestrador, segundo alguns passageiros já libertados, estaria revoltado por ter sido traído pela ex-mulher e ameaça matá-la e depois se suicidar. Os passageiros contaram que a mulher foi agredida algumas vezes pelo seqüestrador.
No momento em que o homem anunciou o seqüestro, pouco depois das 8h, o ônibus estava lotado, mas os reféns foram liberados no transcorrer das negociações.
O incidente lembra outro seqüestro em um ônibus no Rio de Janeiro. Em junho de 2000, Sandro do Nascimento - um sobrevivente da chacina da Candelária, de 1993 - seqüestrou o ônibus 174.
O seqüestro, que durou 4 horas, culminou com a morte de uma das reféns, Geisa Gonçalves, com quem Nascimento, ao resolver se entregar, havia descido do ônibus. Um policial, tentando salvar a refém, atirou na direção do seqüestrador, mas errou o tiro e Nascimento, conforme havia ameaçado, atirou contra a passageira.
O seqüstrador acabou sendo morto por asfixia, na viatura policial, depois de ser rendido.


Espero que nossos mui bem preparados policiais tenham mais tato nesse episódio.

Aznavour: o pequeno grande homem


Situada no Cáucaso, fazendo fronteira com o Azerbaijão e a Geórgia, a Armênia é um pequeno país, metade do tamanho da França em termos de área, com uma população menor que a do interior de Paris. É também um país com uma passado complicado. Colonizado pelos romanos, invadido pelos árabes, saqueado e pilhado pelas invasões turcas e mongóis e conquistado em parte pela Rússia, a Armênia foi vítima de um genocídio feito pelos turcos em 1915, em que um milhão e meio de pessoas foram exterminadas. Incorporado depois disso pela URSS, finalmente o país conseguiu sua independência em 1991.
Foi durante o período em que a Armênia ainda era uma das peças de jogo da URSS, e quando a memória dos massacres turcos ainda era uma ferida aberta, que Misha e Knar Aznavourian decidiram deixar o país para buscar um futuro melhor. Para eles, como para a maioria daqueles buscando emigrar para outras partes do mundo, o sonho de uma vida nova tinha um nome: América.
Esse foi o início de uma longa viagem pela Europa para chegar a um dos portos de saída para a Liberdade, em uma cidade cuja embaixada pudesse lhes dar o visto abrindo caminho para o embarque. Foi então ao acaso que Varenagh Aznavourian nasceu em Paris em 22 de maio de 1924, em uma clínica na rue d’Assas, onde uma enfermeira lhe deu o nome de Charles porque não conseguia pronunciar seu primeiro nome. E, como a cota máxima de imigrantes armênios já havia sido atingida, as autoridades americanas nunca deram à família o visto que desejava, e eles ficaram, para melhor ou para pior, na capital francesa, em um hotel mobiliado na rue Monsieur le Prince.
Um dos mais extraordinários artistas da chanson francesa, Charles Aznavour também destacou-se como um dos maiores astros internacionais, conquistando palcos mundo afora com persistente energia e gravando em inúmeras línguas.
Eleito Artista do Século – à frente de Elvis Presley e Bob Dylan – em uma pesquisa feita na Internet pela CNN e revista Time EUA, Aznavour tornou-se conhecido como o brilhante exemplo de um talento universal artístico de determinação inabalável. Ele é apaixonado pelo mundo (mundo esse em que teve que entrar pelas mais difíceis vias enquanto criança) e precisou trilhar um caminho também nada fácil antes de finalmente chegar ao topo, que nunca abandonou desde então.
Mesmo assim, diferente de muitos que às vezes têm bem menor popularidade, Aznavour ainda manteve as qualidades de um grande coração e o entusiasmo que não diminuiu nem com idade nem com o sucesso. E essa é sua verdadeira grandeza, apesar da pequena estatura.
O que eu gosto no Aznavour é aquele "e" final bem marcado, a voz diferente. Aliás, embora possuidor de uma forte coragem, seu físico e sua voz muito especial não eram bem aceitos pela crítica, nem pela imprensa, que não o poupavam de zombaria e escárnio. Mas vá lá entender a cabeça desses merdas que se julgam conhecedor de alguma coisa, né não?
Mas por que fui lembrar de Aznavour agora, meu Deus? Ah sim... porque ele escreveu algo que, nesse exato momento, eu gostaria muito de ter escrito. Ou, quando muito, de ter berrado a plenos pulmões:

Un beau matin, je sais que je m'éveillerai,
Différemment de tous les autres jours,
Et mon coeur délivré enfin de notre amour
Et pourtant.. Et pourtant..

Sans un remords, sans un regret, je partirai
Loin devant moi, sans espoir de retour
Loin des yeux, loin du coeur,
J'oublierai pour toujours
Et ton corps, et tes bras, et ta voix,
Mon amour

Et pourtant..
Pourtant, je n'aime que toi

J'arracherai, sans une larme, sans un cri
Les liens secrets qui déchirent ma peau
Me libérant de toi pour trouver le repos
Et pourtant.. Et pourtant..

Je marcherai vers d'autres cieux, d'autres pays
En oubliant ta cruelle froideur
Les mains pleines d'amour,
J'offrirai au bonheur
Et les jours, et les nuits, et la vie
De mon coeur

Et pourtant..
Pourtant, je n'aime que toi

Il faudra bien que je retrouve ma raison
Mon insouciance, et mes élans de joie
Que je parte à jamais pour échapper à toi
Et pourtant.. Et pourtant..

Dans d'autres bras, quand j'oublierai jusqu'à ton nom
Quand je pourrai repenser l'avenir
Tu deviendras pour moi
Qu'un lointain souvenir
Quand mon mal, et ma peur et mes pleurs
Vont finir

Et pourtant..
Pourtant, je n'aime que toi




O que dói mesmo é saber que existe o tal do "et pourtant"... Meeeeerda!!!!! Oh vida, oh dia, oh azar...


Fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii....

9.11.06

In & Out


Aí vieram me perguntar: “por que essa história de blog agora, Ed?”
Ah... sei lá por quê. Porque tá na moda. É isso: porque tá na moda. Pronto! Já tenho a resposta na ponta da língua quando vierem me perguntar de novo. Inclusive, já até postei lá na minha comunidade do Orkut (para aqueles que não sabem, eu tenho uma comunidade... segue abaixo o link) algo nesse sentido:

Canalizarei from this moment on toda minha revolta e insatisfação para o blog que acabei de criar. É, essa história de blog virou moda mesmo... E como não gosto de ficar Out em nada mesmo, resolvi me tornar In: insatisfeito, insensível, intransigente, inergúmeno, inconseqüente e, por que não, inbecil, inpaciente, inprovável e inpossível.
Aos mais sensíveis e susceptíveis aconselho nem passar perto, ok?


Ah sim...
Aumentando a listda do IN: incrédulo, insosso, intragável, insurecto, insano, insone, indecente, insuportável, insolente, insólito, insolúvel...
What else? Quoi encore? O que mais?...hehehehehehehe


Aí, alguém lá da comunidade que criei sugeriu o seguinte:

Ed, que bom que vc tá IN e não OUT.
Já pensou nesse ângulo?
Outra coisa, se vc tá Yin, coloque um pouco de Yang que equilibra!
Beijos desputecidos. Desputece aê!


Não é que eu gostei desse lance do yin e yang? E, de certa forma, essa papo de blog está justamente me ajudando a promover esse tal equilíbrio...

Então, meu outro amiguinho de comu, o arruaceiro do Alysson, disse que essa história de blog não lhe agradava muito. Que era coisa de “barbie”. Aí criou-se uma situação bastante paradoxal. Explico: tá ok, admitamos que é coisa de “barbie”! Então eu estaria fazendo meu “out”, certo? O que poderia significar o caminhar na direção de uma certa feminilidade latente, o despertar da änima, ok? Mas “out” também seria o yang, o exteriorizado, o viril, o fálico. Cheguei a um impasse, amigos... Tirem-me dessa, please! Pois eu decidi que agora quero ser “in” e, portanto, como me sugeriram, yin... É paradoxal ou não? Ah... deixa essa porra pra lá!
Oh Alysson, seu muquirana, quer dizer que é coisa de “barbie”, né? Tão tá intão! Cantarei... Prepare os ouvidos!

Sou a Barbie Girl
Se você quer ser meu namorado
Fica ligado, presta atenção
Na minha condição
É diferente, sou muito exigente


Durma-se com um barulho desse!!!!! Hehehehehehe

A propósito: a comunidade da qual falei chama-se Ame e dê vexame. Para aqueles que estão no Orkut e só clicar aqui: "Ame e dê vexame"

Sexo, drogas e rock’n’roll...oh yeah!!!! A santíssima trindade...


Diálogo travado agora há pouco com uma figura no MSN:

- Bom dia, Ed.
- Fala aí.
- Tudo bem?
- Tudo blz, e vc?
- Blz. Poxa, cara, fui lá ver seu blog.
- Sério? E aí, o que achou?
- É né...
- Como assim “é né”? Gostou ou não gostou?
- Ah sei lá, esperava mais.
- Mais? Como assim?
- Axo que esse blog não vai dar muito ibope naum.
- Porra! E eu lá sou candidato pra dar ibope, meu querido?
- Ah naum sei cara, algo mais emocionante, mais radical, mais chocante.
- Meu querido, se vc quer algo mais chocante, enfia o dedo numa tomada de 220 Volts.
- Hahahahahahaha... só vc Ed.
- É... sou eu.
- Blz... vou lá então, vlw?
- Vlw.
- Nos falamos depois então.
- Ok... vai lá.
- Fuiiiiiiiiiiiiiiii.


E foi mesmo.
Depois tem gente que não entende por que eu quase não apareço no MSN e que, quando o faço, me coloco no status de “Aparecer offline”. Ter que travar um diálogo desses logo de manhã é como uma foda mal dada. O que será que a figura quis dizer com “dar ibope”? Com algo “mais emocionante, radical e chocante”? Parei pra pensar nas várias possibilidades, não sem antes me lembrar dos vários blogs que rolam por aí na net. Tem para todos os gostos. Tem os relatos e diários de putinhas e ex-putinhas, tipo Bruninha Surfistinha e cia. Aliás, o www.putinhas.com.br está invadindo nossas comus e nossos perfis no Orkut. Mas como não sou uma putinha (ainda não atingi esse nível de perfeição), eu poderia inventar umas memórias de ex-michê. Seria legal: nada mais emocionante e chocante, não? Mas aí, eu seria desmascarado no primeiro minuto. Com esse corpinho ridículo que Deus me deu, ninguém ia engolir a lenda. Poderia ser também um blog de um viciado ou ex-viciado, narrando todas as vicissitudes e agruras do mondo canis. Putz! Essas coisas costumam agradar e muito. Parece que quanto mais submundo é a coisa, mais interesse desperta no leitor. Uma forma de catarse, entende? O que dá um ibope legal também são aqueles blogs que pegam o leitor pelo que lhe é mais caro: a piedade. Nesse sentido, proliferam os blogs de pessoas que vivem ou viveram alguma doença bem cabeluda, tipo câncer e Aids.
Genteeeeemmm!!!!! Isso aqui não é um filme do Babenco não, valeu? It’s just a blog! Um blog meio “rebelde sem causa”, mas ainda assim um blog. Não esperem grande coisa. ok?
Bom, mas uma coisa é certa: depois dessa postagem aqui, provavelmente a figura vai ficar puta da vida comigo e não vai mais me procurar no MSN. Quer saber? Foda-se!
Eu hein, Rosa!

Que porra de escola é essa que nos adoece?

Não sei se todos sabem, mas sou um professor de língua portuguesa da rede municipal do Rio de Janeiro. Bom, quando digo "sou" é porque ainda não fui educadamente convidado a me afastar definitivamnete da rede, uma vez que da sala de aula já estou ausente pra mais de 2 anos. É isso aí: sou mais um que engrossa a tão famosa lista de professores licenciados (aqueles, sabem, que muitas vezes são vistos como meros vagabundos que acharam uma maneira de ficar em casa sem fazer nada, mamando nas tetas do governo). Pois é, eu achei uma maneira bem eficaz mesmo: contraí uma tuberculose. Quase morri, é bem verdade, mas pelo menos posso me orgulhar de estar aqui coçando o saco enquanto meus colegas estão lá dando o sangue pelo magistério... Ai ai, como eu fui esperto!
Estava conversando hoje ao telefone com uma colega de profissão e ela me dizia:
- Ed, fica por aí mesmo. Não volta não. A coisa aqui tá feia.
- Como assim, tá feia? Pior do que estava quando entrei de licença?
- Pior, muito pior. Não sabemos onde isso tudo vai parar.
- Caralho! Assim, você até me assusta!
- Que bom! É pra assustar mesmo. Assim você não entra numa de brigar com a Perícia e insistir para voltar. Se eles quiserem te aposentar, aceita. Conselho de amiga...

Desliguei o telefone mais arrasado ainda do que já estava. Já tava puto com uma série de coisas que vêm me acontecendo nos últimos dias, e agora mais essa bela notícia. Então me veio à mente um artigo que li não sei onde sobre o tal do burnout, essa porra desse mal que anda assolando algumas categorias profissionais, sobretudo a dos professores. E então as idéias começaram a fervilhar nessa minha cabecinha de vagabundo, doente e licenciado. Depois do que essa colega me disse, comecei a pensar na fila interminável que tenho que enfrentar toda vez que tenho que ir lá na bendita Perícia do Município: putz! é professor a torto e a direito (sem trocadilhos, ok?). Mas, por que, afinal, tantos de nós adoecemos? na minha costumeira e conhecida prolixidade, tentarei expressar o que eu acho de tudo isso.
Para o senso comum, o conceito de saúde é a ausência da doença.
Mas, afinal o que é a doença? Podemos defini-la como alteração no corpo e na mente, causada por diversos fatores. Existem, é claro, inúmeras causas de doenças, mas, vamos nos reportar a algumas mais comuns da vida moderna e a razão pela qual somos acometidos com tanta freqüência por elas. A saber, as doenças relacionadas à atividade do trabalho, por exemplo: LER, decorrentes dos esforços repetitivos; pneumonia dos trabalhadores das minas de carvão; etc.
Antes de qualquer coisa é preciso gerar um grau de clareza e objetividade, para que o entendimento seja acessível a qualquer pessoa que queira se aplicar em saber um pouco além do que as situações atuais normalmente permitem. Somos todos semelhantes no Físico, todos temos uma Mente como instrumento que permite que a Inteligência enfoque pontos de referência (idéias) no cérebro, mas primordialmente somos uma Consciência que pode ser atuante em qualquer idade. Quando o organismo, como um todo, apresenta um estado de equilíbrio em suas reações químicas e em seus níveis de energia, experimentamos uma sensação agradável que corresponde à perfeita harmonia no funcionamento dos conjuntos de órgãos como Sistemas e Aparelhos. Temos então uma condição que poderíamos denominar de uma experiência de saúde. Se tomamos consciência de situações que provocam emoções conflitantes e que resultam em sensações desagradáveis de desconforto, como tristeza, amargura, medo, incerteza, insegurança e que geram estados de tensão na consciência, experimentamos um desequilíbrio energético que pode ou não evoluir para uma sensação ou sintoma desagradável como uma dor de cabeça, uma gastrite, uma colite, e essa é uma experiência não saudável. O importante é perceber que se a nossa consciência não passa por tensões e se permanece em um estado de equilíbrio que podemos denominar de um estado de paz, seja superficial ou mais profunda, não há desequilíbrio energético nem desequilíbrio nas reações químicas e a experiência de saúde permanece. Inversamente, se tensões na consciência mantém o desequilíbrio, mantém-se os sintomas e estes evoluem para uma doença declarada. Experimentamos então um estado de doença.
Esse início de texto pode parecer para alguns uma digressão meio sem sentido, mas é a partir dessa discussão que deveríamos questionar o quanto as situações conflitantes do magistério (nos níveis municipal, estadual, federal e, por que não, particular) estão contribuindo para esse desequilíbrio que caracteriza a doença.
Vivemos a tensão do dia-a-dia em sala de aula, onde nos deparamos com a falta de condições de um trabalho digno: o despreparo de nossos alunos; a superlotação das turmas; os baixos salários; a insalubridade do ambiente de trabalho; a falta de perspectiva de crescimento devido à ausência de um plano de carreira; o corte de benefícios e conquistas; as leis, decretos e resoluções que nos deixam de mãos atadas, vendo nossos alunos aprenderem cada vez menos em nome de um desempenho virtual e irreal que mascara suas reais deficiências.
Tudo isso nos cala fundo e nos marca justamente lá: na consciência – onde o desequilíbrio se instala e degrada. Mas, para os padrões da nossa Perícia na rede municipal de ensino, ainda não estamos doentes, uma vez que esse desequilíbrio no emocional ainda não evoluiu para os males acima descritos (dor de cabeça, gastrite, colite, etc.). Mais uma vez o senso comum impera: saúde = ausência de doença. E assim nos afundamos e nos atolamos cada vez mais em nossas idiossincrasias na maioria das vezes imperceptíveis mas já irremediavelmente indeléveis.
A pergunta do título deste texto, então, torna-se cada vez mais de fundamental importância: que porra de escola é essa que nos adoece? Que ritmo de trabalho é esse que provoca esse desequilíbrio nas reações químicas de nosso organismo e em seus níveis de energia, comprometendo a perfeita harmonia de seu funcionamento? E isso se quisermos nos ater somente a essa visão subjetiva da doença de que estamos tratando. Porque se partimos para a questão objetiva, aí a coisa piora sensivelmente. Em termos absolutos, podemos citar os males da insalubridade a que o professor está sujeito na sala de aula: os calos nas pregas vocais, os problemas de coluna, as varizes, a má circulação dos membros inferiores, os problemas de visão, além das doenças que muitas vezes nossas crianças trazem para o nosso convívio: as meningites viróticas, as tuberculoses, etc.
Finalizando, quantos de nós, professores, estamos doentes pelo exercício de nossa profissão e ainda não sabemos? Devemos esperar que as várias e prováveis patologias se instalem em nosso organismo para que possamos gritar por socorro? Será que essa nossa profissão tem que significar tal sacrifício e “sacerdócio” a ponto de não reagirmos a essas ameaças, por vezes latentes, mas muitas vezes mais do que evidentes?
Quer saber? É foda!

8.11.06

Poema em linha reta


Há alguns que me acusaram de copiar um pouco Fernando Pessoa, mais exatamente seu heterônimo Álvaro de Campos, nesse poema que postei logo aí abaixo ("O ocaso"). Será? Pode até ser... Álvaro de Campos sempre foi uma referência e tanto pra mim... Cara sangue-bom tava ali, na boa.
Esse poema está nas Ficções do interlúdio. Mas, embora atribuído ao Álvaro de Campos, essa desconfiança bastante radical, Fernando Pessoa é que a manifesta em relação aos outros, em relação ao que, em outro poema, em outro contexto ele chama “A sociedade organizada e vestida”, e em relação também a si mesmo, à sua vida e à sua percepção da realidade, essa desconfiança aparece em numerosas passagens no conjunto da obra. É um tema recorrente na obra de Fernando Pessoa.
O mesmo Álvaro de Campos, na “Tabacaria”, diz:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.


e, um pouco adiante, faz uma confissão terrível: “Falhei em tudo”. E mesmo Ricardo Reis adverte: “Nada fica de nada. Nada somos”, já envolvendo os outros também: começa por si, autocriticamente, mas se estende a um âmbito mais crítico, geral, mais abrangente.
Na obra ortônima, assinada pelo próprio Pessoa, também se pode ler igualmente:

Falhei. Os astros seguem seu caminho.
Minha alma, outrora um universo meu,
É hoje, sei, um lúgubre escaninho
De consciência sobre a morte e o céu.


A reflexão autocrítica está presente, portanto, ao longo de toda a obra, do conjunto dos escritos de Fernando Pessoa. E eu acho que o que há de novo e o que há de mais original, mais forte no “Poema em linha reta” é o desdobramento da autocrítica, não mais numa crítica ao outro, mas uma crítica à falta de autocrítica dos outros. Quer dizer, acho que se pode enxergar nesse poema a revolta de alguém que se mostra efetivamente capaz de se interpelar a respeito do seu lado noturno, digamos. Discorre sobre o que ela tem de mais problemático, mais doloroso e mais fracassado, sobre sua própria vileza, e vê essa sua franqueza, essa sua coragem resvalar na muralha hipócrita de um sistema que está alicerçado em uma enfática autovalorização artificial, por parte das pessoas em geral.
Mas vamos ao poema...

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.



Mas, sinceramente, acho que meu poema tem mais a ver com o "Cântico Negro" de José Régio... na boa.

Língua solta? Eu? Magina !!!!!!!!!!


Pois é. Volta e meia sou acusado dessa coisa aí: a tal da língua solta... Sabem que até já pensei em providenciar um sutiã de língua!!! Será que existe? Se não, alguém há de se compadecer dessa alma perdida aqui e patentear tal invento. A esperança é a última que morre, amigos...
Mas, fala sério! Por que diabos dizem que tenho a porra da língua solta? Quer saber? Cada vez me convenço mais que o problema não é a minha língua solta, mas o ouvido preso de alguns... Aliás, não só o ouvido, mas os sentidos todos; e, algumas vezes, por que não, cu preso também... É isso: tem gente que tem cu preso. Medinho babaca de ouvir o que se nos mostra, o inegável. Susceptibilidade demais me irrita, saca? Obviamente que sei também que "quem fala o que quer, ouve o que não quer". Mas é isso aí: eu tô querendo é mais!!!! Venham para o embate, porra!!!! Mas não entra nessa de dizer que eu falo demais! Ah, me poupe! Tô legal desse papinho mais ou menos.
A propósito, houve algumas pessoas que se sentiram profundamente ofendidas recentemente só porque enviei uma mensagem automática no Orkut para todos os amigos da minha lista. Explico: como eleitor do Lula, eu nunca fui no Orkut de ninguém fazer campanha pra ele ou esculhambar o Alckimin. Mas a galerinha insistia em vir fazer piadinha contra o Lula na minha página, embora eu já tivesse pedido várias vezes que não o fizessem. Pois bem, quando da reeleição do Lula, enviei uma mensagem automática a todos os amigos, expressando todo meu escárnio e minha gutural gargalhada de vingança para aqueles que tinham me enviado as piadinhas. Só que, nessa mensagem, eu deixei bem claro que ela era endereçada a quem de direito, ou seja, aos que não me respeitaram quando lhes foi pedido. Não é que choveram mensagens em resposta, de alguns que se diziam altamente ofendidos pelo que eu enviei, dizendo-se inocentes e nunca tendo enviado as tais piadinhas pra mim... Mas, porra, será que essas pessoas não sabem ler???? Caralho! Eu deixei bem claro que a mensagem destinava-se aos piadistas, e só a eles. Eita povozinho difícil de entender a própria língua... (olha a língua aí de novo)
Doutra feita, me acusaram de frieza e crueldade quando da publicação desse poema aqui... Ai ai ai... Quer saber? Cansei...

O OCASO
“Par délicatesse, j’ai perdu ma vie.”
(Rimbaud)


Num átimo
despenquei do meu olimpo
e vim dar na terra dos rotos
esfarrapados e patéticos...
De besta que sou
acreditei na fagulha
que nos olhos de toda humanidade
me acenava
A desmedida fez de mim
o Prometeu desusadamente tolo
arrogante e néscio
Nesse sem-fim dos meus dias
a corroer-me cérebro e entranhas
Porra! estou farto da bondade alheia...
E cansei-me de mim
Cansei das repetidas
palavras de amizade
dos homens e mulheres de bem
Quero o vendaval
dos sentimentos torpes e imundos
Quero a poeira dos solos
a queimar-me a língua
Quero a podridão da carniça
a invadir-me as narinas
Sou todo os Riobaldos desse mundo
perdido em sua neblina jagunça
nesse sertão sem vereda
- Ai essa Minas me aniquila !
Não me falem
da beleza das relações
Muito menos da promessa de vida
na aurora dos dias
Não me prometam
amizade eterna
Não vertam suas lágrimas
em minha intenção
Deixem-me em paz, oh bonzinhos de merda!
Que eu quero ir
na direção contrária ao engodo
de seus olhos
de escárnio e piedade
Soltem-se as amarras
do meu barco infeliz e louco
Que eu quero partir desse cais
e ir ser menos que eu
no mar revolto
das garrafas de náufragos...
Antes a frieza das geleiras
dos mares do norte...
Antes as tentações
no deserto escaldante
de minha alma...
Antes as pernas abertas das putas
e o canivete oculto dos michês...
A assepsia do sorriso
e das mãos de todos vocês
me enoja
Causam-me ânsias
suas certezas medrosas
suas felicidades fingidas
seus amores de novela das oito
Oh corja vil de perdedores!
Saiam do meu caminho
Desimpeçam minha sarjeta
Não me estendam a mão
Não me dirijam a palavra
Que os esquecerei
com a mesma violência
com que todos vocês outrora,
em seu canto de sirena,
me levaram à perdição.

(Edmilson BORRET - Setembro/2006)

A propósito do título do blog


Eis aqui o poema que deu origem ao título desse blog. Escrito em 1987, já naquela época, aos 20 anos, o cara aqui era meio chegado a uma rebeldia. E se vocês pensam que esse traço do caráter arrefeceu com a idade, ledo engano, caros leitores... O que me faz continuar vivo é justamente esse meu espírito eternamente contestador... Bem, vamos ao poema então.




"Pares cum paribus congregantur"


Quando nasci
não nasci torto
nem feio.
Como bom leonino
saltei na vida
e pedi a palavra
— Gauches são vocês, meus caros!

Onomástico sete
cabra no chinês
elemento fogo
incomodo antes
por ideologia
depois por aparecer.

Que me juntem aos pares
que me apontem na rua
que me lancem maldição!...
mas não me peçam
moderação ou paciência.

Não serei menor que meu mundo,
meu tempo, minha boca.
E além do mais
acredito na possibilidade
de se recuperarem os povos.

Fujo do igual
e no diferente
me encontro com o igual.
Vão lá vocês entender isso!

(Edmilson BORRET - Abril/1987)
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